quarta-feira, 24 de maio de 2017

UM OÁSIS NO CONCRETO


Sou apenas 1.55, sou um ponto, um grão de areia, sou visível porém invisível, sou conhecida e despercebida, sou um peixe no oceano, sou alguém sem ser ninguém.
E o dia que começou com água terminou com ela.





A noite não poderia ter sido mais excitante .
Uma cidade quente, construída no deserto, com cheiros fortes provenientes das especiarias, só poderia ser mais bela e encantadora se por uma ajuda de Aladim encontrássemos um Oásis e assim nos embebedássemos em suas águas para matar nossa sede, porém o gênio da lâmpada mágica nos presenteou de uma forma muito mais divertida e refrescante.
O aquário de Dubai (segundo maior do mundo) representa muito bem a cidade, gigantesco, luxuoso e atrativo. Impossível não parar e admirar, impossível não se questionar sobre a vida, impossível não se emocionar.







A primeira visão que tivemos ao adentrar o The Dubai Mall era ele... o maior aquário suspenso do mundo e suas 33 mil vidas em exposição. Os meus olhos pequenos não conseguiram percorrer de uma só vez tamanha genialidade, demorei alguns segundos para enfim entender o que aquele aquário representava.

Em uma cidade desértica onde as areias são o arroz com feijão, ter a água como atrativo seria como comer brigadeiro e foi assim que me senti.
Ele estava ali diante de mim, cheio de água e de vida e eu lá a admirá-lo, boquiaberta, sem sequer conseguir expressar nenhuma reação durante os dois primeiros minutos. A sensação que tinha era de uma criança que não vê a hora de ganhar o presente de natal e ao desembrulhá-lo não sabe muito bem o que fazer com ele.






Caminhar por aquele corredor cheio de água parecia tarefa fácil mas me enganei quando me deparei com meus medos (morro de medo do mar)  e o "gigantesco "se tornou um túnel sem fim . 

Ao observar todos os olhares em direção aquele único espaço, consegui compreender o que ele queria me dizer a todo momento, ele era apenas um espelho refletido naquele quadrado de água representando cada um de nós e nossas prisões; prisões que nos impomos e que nos impõe. Quem era o prisioneiro? Os moradores do aquário ou eu que sou um ser algemado por uma sociedade que me dita regras,  as quais muitas vezes sou obrigada a acatar para não ser expulsa dela e me tornar o verdadeiro peixe fora d'água?








O aquário me deu um banho de ensinamento, me fez querer ser mais livre e fazer mais pelo outro, afinal também sou um peixe entre tantos outros que nadam por diversos aquários sem serem vistos. Quero ser um peixe de uma espécie diferente, rara e que faça com que todos se lembrem de mim não apenas porque sou diferente mas porque faço a diferença.





O "gigantesco" ocupa três andares do The Dubai Mall e em cada andar uma descoberta nova, um aprendizado, um olhar animal em nossa direção, um olhar humano e um sorriso cúmplice de todos os turistas que ali passeavam.









 Parei por um momento enquanto o Miguel estava entretido olhando para baixo e vendo o crocodilo andar e me dei conta que não existe barreiras entre nós, somos todos iguais, filhos de um mesmo criador, prisioneiros querendo ser livres. Nadei de volta a realidade daquele momento e aproveitei ao máximo os meus 33 mil novos amigos.




"Mergulhar em uma cultura é se surpreender a cada segundo, é saborear cheiros, é se embebedar em novas palavras, é experienciar uma nova vida.
Alimentar-se de novos destinos é crucial para a evolução humana é como jogar-se ao vento assim como as palavras que nunca sabem onde irão parar." by Sarah Divah




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Um comentário:

  1. arrasou em cunhada!!! post lindo demais. Sabias palavras para se refletir. Parabéns

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