O NASCER DO AMOR

O mantra AMOR só é válido quando entendido e vivenciado.

AMAR é verbo e por isso ação.

Toda ação para ganhar vida deve primeiro nascer e nesse cenário de nascimento e descoberta do verbo amar é que dou passagem para a VIDA e o AMOR que ela carrega consigo.

Nasceu o mais grandioso e perfeito espetáculo da Terra, a VIDA!!!

Viver é aprimorar-se do que já foi aprimorado, é dar continuidade a história, é reconhecer o amor, é validar a missão proposta, é ser luz em meio a escuridão.

Foi nesse clima que minhas mãos trouxeram ao mundo o amor!

Toda mulher carrega em si a vida. Seus movimentos, seu sorriso, suas palavras, carregam vida que geram vidas.

Ao contemplar as bilhões de estrelas que brilham na escuridão do céu penso nas 3 Marias e nas tantas Marias que cá embaixo também brilham. Penso nas Amélias, nas Angelas, nas Jéssicas e penso na Gigi, uma criatura da criação sendo gerada por outra gerada que se tornou geradora.

Assim começo a linda hitória do nascimento do amor através do BIP do meu celular que não cansava de tocar.

Era o amor querendo estreiar no palco da vida.

O relógio batia duas e tantas da manhã. O celular quase que "jogando a toalha" fazia um esforço tremendo para me acordar com seu barulho ensurdecedor. Minha mente ainda ligada no mundo dos sonhos, não conseguia captar aquele som como o da vida real. Minha consciência me acordou e em um sobressalto levatei da cama; meu gesto mecânico atendeu o celular. As palavras do outro lado da linha fizeram meu coração bater acelerado.

O amor decidira nascer.

Levantei da cama, abri as cortinas e  me deparei com a escuridão da madruga, que tinha como parceira a lua e os pequenos flocos de neve que começavam a cair. Dei um beijo no Miguel e senti brotar em mim mais amor, um amor que horas depois eu traria ao mundo.

Fomos eu e minha irmã Michele ao encontro do amor e toda a experiência que aprenderíamos com ele. Fomos ao encontro da vida!

Era uma noite gelada e muito escura, não se via estrelas no céu e muito menos animais pelas estradas. Todos os seres resolveram se esconder naquela madrugada deixando a passagem livre para que mais uma vida viesse ao mundo.

Todo o nosso percurso teve como testemunha a neve que agora se intensificara e nos deixava mais anciosos e preocupados, afinal sabíamos que o amor pode nascer a qualquer hora e em qualquer lugar.

A cada kilômetro rodado ficava mais nítido que o amor queria se apresentar ao mundo e ganhar vida própia, a cada segundo que passava nosso mix de sentimentos se intensificava e as contrações só aumentavam. Havia chegado a hora.

Após 4 horas de percurso, de pensamentos, de dissertações sobre a vida e seus mistérios nós chegamos ao destino final.

A dor era latente, as lágrimas que escorriam também eram de amor e os pedidos de ajuda era uma forma de estar no momento presente.

Foram menos de 15 minutos entre chegar ao destino final e eu presenciar o nascimento do amor. 

Coloquei aquela mulher forte na cama, segurei suas mãos e pedi apenas que ela tentasse respirar colocando para dentro de si a vida que oxigênio traz e colocando para fora o sentimento do amor. Pois bem ao expirar a dor se sonorizou e preencheu aquele espaço branco do quarto do hospital. Meu pensamento acelerado e minha mente intuitiva fez com que eu desgrudasse minhas mãos da Nathalia e fosse dar as boas vindas a VIDA!

 O tempo sábio em fração de segundos refez a rota e me deu outra posição a ser exercida. Eu não seria mais uma espectadora do nascer da vida eu seria a ANFITRIÃ DO AMOR .

O mundo parou e como apertar o "pause" no controle remoto aquele momento se congelou. Era apenas eu e ela, seus olhinhos cheios de vida olhavam para mim e pela primeira vez trouxe ao mundo não somente a vida, trouxe ao mundo o sentimento do AMOR.

O "play" havia sido apertado e agora aquela sala branca já tinha coloração, tinha cheiro de vida, tinha música, a primeira música que todos nós compomos ao nascer... o rock and roll .

O som do Rock parou, o silêncio se fez e o som que viria a seguir era do alimento, era da busca por continuar a viver, era da conexão entre mãe e filha.

Deixamos as duas ali se reconhecendo, olhei para minha blusa cheia de sague, senti lágrimas escorrerem por minha face e agradeci. Agradeci a vida, agradeci ao sentimento do amor, agradeci ao mundo pelas oportunidades, agradeci aos obstáculos que nos faz mais fortes e sempre nos traz recompensas, agradeci pela família que construo dia após dia, agradeci pelos amigos, agradeci pela ancestralidade e agradeci pelo o universo que nos deixa livres para nos moldarmos.

Fomos embora, eu e a Michele, entusiasmadas com que tinhamos acabado de presenciar, sem palavras com todo aquele turbilhão de sentimentos e mais fortes para continuar nossa caminhada.

Chegamos em casa quase ao anoitecer e ao adentrar minha sala fui recepcionada pelas mãozinhas mais calorosas que conheço, nos demos um abraço apertado e fui tomar banho.

A água escorria por todo o meu corpo, o sangue que ainda restava em alguma parte dos meus braços já havia sido levado pelo ralo e eu continuava ali ainda revivendo tudo o que me acontecera. Os questionamentos eram os donos da minha mente. "Quem somos?", "De onde viemos?", "Para onde vamos?". Parei, me concentrei e sorri. Nenhuma resposta áqueles questionamentos me fazia mais sentido, o importante já havia sido respondido. 

PS: O olhar de uma criança nos responde aquilo que levamos uma vida para responder.

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