domingo, 2 de abril de 2017

O DESERTO DE DUBAI E AS PECINHAS DO MEU "EU"

Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Tudo o que conquistamos deixaremos aqui?
O deserto de Dubai me confidenciou as respostas para esses diários questionamentos.






Uma experiência única e reveladora. Algo muito maior e mais rápido que a chegada de um furacão.
Meu pensamento e minha visão não conseguiram captar com maestria tamanha perfeição divina.
O último dia de viagem havia chegado e com ele o tão esperado passeio pelo deserto árabe.
Era por volta das 15:30 do dia 16/06/16 quando um homem de sorriso largo nos acompanhou até o carro e disse que a partir daquele momento ele seria o nosso condutor ao mundo mágico. Vários pensamentos e imagens começaram a se formar em minha mente e como em um quebra-cabeça comecei a juntar as peças do meu "EU".
O percurso em direção ao deserto foi como caminhar pela estrada da vida. Saímos do aconchego de Dubai onde "tudo o que reluz e ouro", onde o cheiro do alimento é reconhecido pela nossa memória olfativa, onde a beleza e a grandiosidade nos faz querer ficar tal qual o bebe quando ainda está no ventre de sua mãe e começamos a andar por estradas nunca antes percorrida, com faces, vozes e cheiros que minha memória não conseguia resgatar. Nesse momento me senti como uma criança que está aprendendo sobre o verdadeiro significado da vida, seus contrastes, suas nuances, seus processos.



Em meio a esse turbilhão de pensamentos e informações, que boa parte do tempo é tudo criação de minha cabeça, sou interrompida pelo nosso condutor que parou seu carro para fazer suas orações pois era a época do Ramadan.
A nossa primeira parada foi regada pelo som dos murmúrios que vinham da sala de orações, a curiosidade fazia com que os meus pés dessem passos rápidos até o local, porém minha consciência paralizava esses pés faceiros e me deixava apenas ser envolvida por toda aquela energia. Foram 20 minutos de paralizção do corpo e árduo trabalho da mente. Como uma máquina registradora queria apenas observar e memorizar todos os acontecimentos daquela noite que já começava a ser inesquecível.
Nossa caminhada continuou dessa vez rumo a segunda parada .... o gigantesco deserto.
O trajeto que fizemos pouco a pouco começou a me libertar das amarras que muitas vezes a sociedade nos impõe e me mostrou lados desconhecidos que habitavam em mim.
Cada volta que o pneu do carro fazia pela estrada era como se um ciclo de minha vida me fosse revelado e comecei a entender quem realmente sou e o porque de estar nesse mundo.
O deserto enfim aparece e com ele os seus altos e baixos, os zigue zagues, o medo do desconhecido, a fascinação pelo grandioso e a contemplação do astro rei que nos presenteou bem lá na fundo . Impossível não se emocionar e não se questionar qual o nosso papel no mundo , quem somos nós, que energia maior é essa que nos move. Foram muitas perguntas que começaram a ser respondidas por esse deserto mágico através do movimento que o vento fazia e que modificava a cada segundo a posição da areia que não tinha morada, ela era apenas dela e dele o seu criador.








Saímos do deserto em direção ao acampamento beduíno nossa última parada. Foram muitos quilômetros percorridos e chegamos com a energia da lua se fazendo presente, o coração cheio de alegria e as barrigas já vazias de fome .
O acampamento fez minha alma viajar a uma época remota onde a família era o bem mais precioso, onde os smartphones, internet, shopping center, roupas de marca não faziam sentido algum. Naquele espaço havia apenas nós e a criação e sem nenhum acesso ao mundo exterior mergulhamos nessa cultura tão diferente da nossa.
A comida cheirava por todo acampamento e só perdeu espaço quando todas as luzes se apagaram dando foco ao homem que começara a rodopiar sem parar levantando suas mãos para o céu e dançando como se estivesse em transe. Meus olhos se fixaram naqueles movimentos e com os giros fui levada a um outro mundo e ali agradeci, reverenciei e entendi quem sou.








O passeio estava chegando ao fim e com ele uma das experiências mais loucas e lindas da minha vida.
De volta para o hotel já no carro olhei para a lua e ela olhou para mim, o Miguel sentado em meu colo me abraçava, os dedos do Ed tocaram os meus, reposei minha cabeça sobre os seus ombros e fechei meus olhos, respirei fundo e percebi que não havia mais deserto em mim.




Me siga no instagram: @sarah.divah



5 comentários:

  1. Uau!!!! Maravilhoso... Amei o texto e as fotos

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  2. Texto mágico!!! Amei

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  3. O simples que nos traz a verdadeira essência!! Parabéns Divah!!

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  4. Maravilhoso texto Sarah, você escreve muito bem. Parabéns

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  5. Amei o texto, viajei com vc. Parabéns

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